há momentos na vida em que apetece ser um desenho animado.
ontem à noite. por exemplo.
enquanto passeava o cão e falava ao telefone, apeteceu-me ser um personagem de animação para poder meter o braço pelo auscultador do telemóvel, esticá-lo até ao meu interlocutor e, num nanonésimo de segundo, dar-lhe um murro no nariz. depois recolheria o meu heróico braço e desligaria o telemóvel. podia ser o daffy duck. ou o elmer, não importa... mas poder esticar um membro e dar uma canelada em qualquer situação era soberbo!
quinta-feira, 19 de dezembro de 2013
quarta-feira, 11 de dezembro de 2013
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
sou mãe há sete anos mas nunca me considerei talhada para a maternidade: os bebés não me atraiam e a responsabilidade enfadava-me. o que era aquilo por quem os meus irmãos se sacrificavam tanto?
o joão, o primeiro, que nasceu quase morto, feio e magro, sempre cheio de falta de ar, a minha irmã de noites viradas, a limpar o ranho e vomitado e fazer-lhe os fuminhos;
o diogo, que nunca mais se resolvia a abrir os olhos e que cujos pais (idiotas!) achavam que arrastava a perna quando começou a andar,
a madalena, redonda e viva, mas que não comia e fazia birras de meia-noite, chata, insuportável,
a beatriz, bebé enorme, que quase matou a mãe, nascida com ar zangado para o mundo, sempre a caminho do hospital, cheia de otites.
que seca!, pensava eu. não entendia como é que os meus irmãos me trocavam a mim, a sua caçulinha, a merdita da tia, por aqueles bebés esgoelados, que insistiam por-me ao colo e nos quais, a custo, lá reconhecia os traços de família.
depois, percebi. troquei-os, a eles, aos manos, num ápice, quando vi o pedro, peludo como um lobisomem, cheio de borbulhas, unhas compridas, sonos longos. gostei dele, daquele manel pequenino, nos braços da minha tia dé, de lenço atado a tapar a boca e nariz, como se fosse um malfeitor do faroeste, a dar-lhe o primeiro banho em casa, mãos firmes, dedos nos ouvidos da criança, para não entrar água, por causa das otites.
continuo a não ser talhada para a maternidade. tenho pouca paciência e cada vez menos tolerância. acerto poucas vezes na muche da educação e da sensatez. sou histérica, grito, ameaço, bato. sou a mãe que nunca quis ser: uma louca à beira do descontrole que se contradiz a cada quinzena.
é verdade aquela piada da mafaldinha: os filhos são cobaias, ninguém nos ensinou a ser pais.
o joão, o primeiro, que nasceu quase morto, feio e magro, sempre cheio de falta de ar, a minha irmã de noites viradas, a limpar o ranho e vomitado e fazer-lhe os fuminhos;
o diogo, que nunca mais se resolvia a abrir os olhos e que cujos pais (idiotas!) achavam que arrastava a perna quando começou a andar,
a madalena, redonda e viva, mas que não comia e fazia birras de meia-noite, chata, insuportável,
a beatriz, bebé enorme, que quase matou a mãe, nascida com ar zangado para o mundo, sempre a caminho do hospital, cheia de otites.
que seca!, pensava eu. não entendia como é que os meus irmãos me trocavam a mim, a sua caçulinha, a merdita da tia, por aqueles bebés esgoelados, que insistiam por-me ao colo e nos quais, a custo, lá reconhecia os traços de família.
depois, percebi. troquei-os, a eles, aos manos, num ápice, quando vi o pedro, peludo como um lobisomem, cheio de borbulhas, unhas compridas, sonos longos. gostei dele, daquele manel pequenino, nos braços da minha tia dé, de lenço atado a tapar a boca e nariz, como se fosse um malfeitor do faroeste, a dar-lhe o primeiro banho em casa, mãos firmes, dedos nos ouvidos da criança, para não entrar água, por causa das otites.
continuo a não ser talhada para a maternidade. tenho pouca paciência e cada vez menos tolerância. acerto poucas vezes na muche da educação e da sensatez. sou histérica, grito, ameaço, bato. sou a mãe que nunca quis ser: uma louca à beira do descontrole que se contradiz a cada quinzena.
é verdade aquela piada da mafaldinha: os filhos são cobaias, ninguém nos ensinou a ser pais.
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
foi aqui que me apaixonei pelo Gilberto Gil. não há nada como a paz.
A Paz | Gilberto Gil e João Donato
A Paz | Gilberto Gil e João Donato
1994
quarta-feira, 27 de novembro de 2013
devo dizer que me levou muito tempo para perceber porque é que a eliza doolittle ficava com o professor higgins. anos! e depois, mais tarde, entendi...
My fair Lady | George Cukor
My fair Lady | George Cukor
1964
sexta-feira, 22 de novembro de 2013
hoje de manhã, gritei com o meu filho mais velho. não há dia que não lhe dê um berro, desesperada.
eu amo o meu filho mais velho. digo-lhe isso todos os dias. sem ele ou sem o irmão, morria.
um dia, mais tarde, espero que ele tenha mais memória sobre as declarações de amor do que das batalhas campais.
eu amo o meu filho mais velho. digo-lhe isso todos os dias. sem ele ou sem o irmão, morria.
um dia, mais tarde, espero que ele tenha mais memória sobre as declarações de amor do que das batalhas campais.
terça-feira, 15 de outubro de 2013
não me canso de espantar com a estupidez espalhada na blogosfera.
os blogues das personal stylists exercem um contínuo fascínio na minha pessoa. que gente é aquela que se acha capaz de definir o estilo recorrendo, quase num mesmo post, à inauguração da primark no colombo e aos desfiles da moda lisboa?
os blogues das personal stylists exercem um contínuo fascínio na minha pessoa. que gente é aquela que se acha capaz de definir o estilo recorrendo, quase num mesmo post, à inauguração da primark no colombo e aos desfiles da moda lisboa?
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
hoje acordei ao som da trova do tempo que passa cantada/ declamada pela amália, pelo manuel alegre e pelo adriano correia de oliveira. e, depois, ainda deitada, meio ensonada, lembrei-me que o adriano correia de oliveira morreu na quinta da família nos braços da sua mãe. e pensei "que maneira tão doce de se morrer."
só assim é que gostava de morrer: no colo da minha adorada mãe.
de nenhuma outra forma admito tal momento.
de nenhuma outra forma admito tal momento.
terça-feira, 8 de outubro de 2013
entrou no carro, atirou a mochila, cumprimentou o irmão mais novo com um gritou de índio e, enquanto apertava o cinto, anunciou com vez quase solene:
- ó mãe, quero ir para a catequese.
olhei em frente, olhei para ele pelo retrovisor do carro, mordi o lábio levemente e respondi.
- pá... olha: tu podes para onde quiseres, para o karaté, para os escoteiros* mas para a catequese é que não. nem pensar!
*(são os não católicos)
- ó mãe, quero ir para a catequese.
olhei em frente, olhei para ele pelo retrovisor do carro, mordi o lábio levemente e respondi.
- pá... olha: tu podes para onde quiseres, para o karaté, para os escoteiros* mas para a catequese é que não. nem pensar!
*(são os não católicos)
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
sexta-feira, 27 de setembro de 2013
também não falo a língua do meu pai.
O que ele tem e eu invejo é o domínio pleno e íntegro da língua árabe. Eu sou filho de libanês. Meu pai era libanês, morreu, e minha mãe era brasileira - filha de libaneses -, mas era uma brasileira amazonense típica. E não falava árabe comigo. A língua materna era a língua portuguesa. É incrível que estes 12 milhões de brasileiros de origem árabe não falem árabe. Isso também aconteceu com os italianos, os filhos não falam italiano. O Brasil é peculiar. Os imigrantes queriam que os filhos se integrassem. Isso facilitou a mestiçagem. Na minha família ninguém se casou com filho de árabe. Ninguém. É fantástico isso.
27/09/2013
terça-feira, 24 de setembro de 2013
terça-feira, 17 de setembro de 2013
segunda-feira, 16 de setembro de 2013
- mãe, não fales com essa voz. fazes-me querer chorar!
- então!? chorar!? mas porquê? estou a falar com uma voz calminha, não estou a gritar...
- chorar de alegria! fazes-me chorar de alegria.
(sorri e abracei-o. estava nervoso, não conseguia dormir. afinal começa hoje o segundo ano: está de volta à escola, esse corpo que ainda lhe é estranho, no papel de aluno que ainda não sente como seu.)
- então!? chorar!? mas porquê? estou a falar com uma voz calminha, não estou a gritar...
- chorar de alegria! fazes-me chorar de alegria.
(sorri e abracei-o. estava nervoso, não conseguia dormir. afinal começa hoje o segundo ano: está de volta à escola, esse corpo que ainda lhe é estranho, no papel de aluno que ainda não sente como seu.)
terça-feira, 10 de setembro de 2013
o direito sexual, na Ásia e no mundo.
Cerca de 23% de homens inquiridos na Ásia admitem ter violado uma mulher
Cerca de 23% de homens inquiridos na Ásia admitem ter violado uma mulher
sexta-feira, 6 de setembro de 2013
quinta-feira, 5 de setembro de 2013
disse-me durante o jantar de anos do joaquim, entre os gritos sobre quem cumpria os horários de trabalho e a conversa acerca do orçamento de estado. disse-me uma, duas vezes. levantou a voz, olhou-me e disse:
- dá-me tristeza que não queira falar comigo. sim, tristeza! tristeza. nunca quer falar comigo. sua mãe diz sempre que está a trabalhar e que não posso incomodar!
- dá-me tristeza que não queira falar comigo. sim, tristeza! tristeza. nunca quer falar comigo. sua mãe diz sempre que está a trabalhar e que não posso incomodar!
quarta-feira, 4 de setembro de 2013
terça-feira, 3 de setembro de 2013
ao longo de 18 anos, Darcy Padilla fotografou Julie, uma mulher pobre e seropositiva, mãe de seis filhos. é o retrato de uma américa miserável e chocante que raramente nos aparece à frente. o sonho americano não passou por aqui.
Darcy Padilla
THE JULIE PROJECT
(1993-2010)
(1993-2010)
segunda-feira, 2 de setembro de 2013
sexta-feira, 26 de julho de 2013
terça-feira, 23 de julho de 2013
hoje, ao telefone, quando o meu pai insistia com a minha mãe que queria falar comigo, ouvi-a dizer:
- é a susana! não, não pode falar contigo, está muito ocupada. não pode!
ele respondeu, em tom de escárnio:
- você está-me a roubar a filha!
a minha mãe riu, deliciada com a maldade e concluiu:
- estou a falar com a minha susana. minha. só minha! e deu uma gargalhadinha maliciosa.
é verdade. a minha mãe roubou os filhos ao meu pai, assim como a minha tia lhe tirou as filhas.
- é a susana! não, não pode falar contigo, está muito ocupada. não pode!
ele respondeu, em tom de escárnio:
- você está-me a roubar a filha!
a minha mãe riu, deliciada com a maldade e concluiu:
- estou a falar com a minha susana. minha. só minha! e deu uma gargalhadinha maliciosa.
é verdade. a minha mãe roubou os filhos ao meu pai, assim como a minha tia lhe tirou as filhas.
quinta-feira, 11 de julho de 2013
os autocentrados, os egocêntricos, são tão focados em si mesmos e nas suas vidas que se recusam em ver os estilhaços que as suas granadas deixam cravados na carne dos que os acompanham. os esgares de dor que provocam a cada momento que os estilhaços rasgam a pele não os incomoda: olham com uma certa passividade, indiferença. e a cada nova detonação sentem que a sua presença se agiganta cada vez mais perante todos os outros: todos gravitam em torno das suas vidas e das suas opções, por mais obtusas que sejam.
os autocentrados são déspotas que geram com mão de ferro a vida dos outros e os submetem a obrigações diárias. mesmo quando passam o dia rodeados de palavras de ternura e preocupação, sentem-se sós, uma solidão palpável mas não real, através da qual justificam o seu egoísmo.
os autocentrados não têm capacidade de interpretação da realidade: vivem numa espécie de sonho-pesadelo que recusam mas ao qual não resistem. e acabam mesmo por se tornarem maçadores, entediantes, chatos.
deviam ser todos corridos a tabefes, esses autocentrados.
os autocentrados são déspotas que geram com mão de ferro a vida dos outros e os submetem a obrigações diárias. mesmo quando passam o dia rodeados de palavras de ternura e preocupação, sentem-se sós, uma solidão palpável mas não real, através da qual justificam o seu egoísmo.
os autocentrados não têm capacidade de interpretação da realidade: vivem numa espécie de sonho-pesadelo que recusam mas ao qual não resistem. e acabam mesmo por se tornarem maçadores, entediantes, chatos.
deviam ser todos corridos a tabefes, esses autocentrados.
terça-feira, 9 de julho de 2013
segunda-feira, 8 de julho de 2013
sempre a leio, é como se levasse um tabefe na cara. daqueles finos, de surpresa, que nos fazem saltar as lágrimas dos olhos, mesmo quando não queremos.
por isso passo tempos que a ignoro, sabendo que quando volto, e sempre que volto, a sensação está lá: o tabefe. a estalada. o murro na barriga. a surra. a tareia, daquelas que nos deixa o corpo moído, imóvel, exausto.
por isso passo tempos que a ignoro, sabendo que quando volto, e sempre que volto, a sensação está lá: o tabefe. a estalada. o murro na barriga. a surra. a tareia, daquelas que nos deixa o corpo moído, imóvel, exausto.
sexta-feira, 5 de julho de 2013
louca, diz ela
há um blog por aí de uma mulher que é louca por sapatos. sim, sapatos. pela fotografia de capa do blog, onde a mulher dispõe alguns dos seus sapatos, concluo que, para além de ser louca é uma parola desprovida de gosto. os sapatos são feios, comprados na loja do chinês e devem fedem a borracha em dias de mais calor.
esta gente, que se acha gente só porque sabe redigir dois parágrafos seguidos e abusar das reticências e dos pontos de exclamação, devia ser proibida de escrever publicamente. facilmente podem ser consideradas uma ameaça à sanidade pública mental pela quantidade de menoridades que redigem. quanto a mim deixam-me entre o catatónica e o à beira de uma ataque de riso incontrolável...
sexta-feira, 28 de junho de 2013
quarta-feira, 12 de junho de 2013
terça-feira, 11 de junho de 2013
(liga-me à hora de almoço)
- pronto. já estou farta de te ouvir.
- hã?!
- sim, és uma tagarela.
- tagarela, eu!?
- sim, tu. começas a falar e nunca mais te calas. e eu já estou farta de te ouvir falar, que queres?!
- tagarela, eu!? gosto de falar e depois?
- e depois!? és a única pessoa a quem posso dizer que estou farta de te ouvir... (risos)
- pois sou. isso é verdade...
- então vá: beijinho, falamos amanhã.
- beijinhos.
(meto a chave à porta. a hora de almoço terminou)
- pronto. já estou farta de te ouvir.
- hã?!
- sim, és uma tagarela.
- tagarela, eu!?
- sim, tu. começas a falar e nunca mais te calas. e eu já estou farta de te ouvir falar, que queres?!
- tagarela, eu!? gosto de falar e depois?
- e depois!? és a única pessoa a quem posso dizer que estou farta de te ouvir... (risos)
- pois sou. isso é verdade...
- então vá: beijinho, falamos amanhã.
- beijinhos.
(meto a chave à porta. a hora de almoço terminou)
quarta-feira, 22 de maio de 2013
segunda-feira, 13 de maio de 2013
ora! o problema é toda a gente se habituou a comer porcaria. a professora do meu filho mais velho dizia-me que uma mãe lhe explicava que compensava a pouca comida que a filha comia na escola com um bolicao. a cretina (a mãe, não a professora!)
o pedro nunca comeu bolicao. não lhe compro: é uma merda e é caro.
O fenómeno Jack Monroe está a levar comida boa aos novos necessitados da crise
o pedro nunca comeu bolicao. não lhe compro: é uma merda e é caro.
O fenómeno Jack Monroe está a levar comida boa aos novos necessitados da crise
terça-feira, 30 de abril de 2013
terça-feira, 23 de abril de 2013
a notícia aqui é que a palavra envergonhante não consta do dicionário. [que o cavaco silva é uma das nossas vergonhas nacionais, isso já todos sabíamos (aquela imagem dele a comer o bolo rei de boca aberta ainda hoje me atormenta)... deve ser um neologismo que o sócrates apanhou no brasil enquanto tentava vender drunfos legais. ou na venezuela... ele não pára!]
quinta-feira, 18 de abril de 2013
terça-feira, 9 de abril de 2013
quinta-feira, 4 de abril de 2013
terça-feira, 2 de abril de 2013
Portugal é independente no vinho mas muito dependente do exterior nos cereais
(quem é o jornalista que transforma estes factos em notícia? mas isto não é óbvio? qual é a novidade?!)
(quem é o jornalista que transforma estes factos em notícia? mas isto não é óbvio? qual é a novidade?!)
segunda-feira, 1 de abril de 2013
um pai fica em casa com os meninos. sente-se perdido: a única hipótese de um tempo bem passado é ir ao parque e nesse dia chuvisca. saiu-lhe gorada a ida ao cabeleireiro com o mais novo e o mais velho segue hipnotizado com a televisão e os jogos.
(ao telefone)
- não tens ideias!? é que está a chover...
- que dia miserável este: agora quando está a fazer sol é que o mais novo adormeceu! não tens mesmo ideias?!
- afinal a cabeleireira não lhe pode cortar o cabelo... não tem tempo!
- se calhar vou a casa da minha mãe... mas não sei. ideias?!
(uma mãe faz sempre muita falta a um pai mal acostumado)
(ao telefone)
- não tens ideias!? é que está a chover...
- que dia miserável este: agora quando está a fazer sol é que o mais novo adormeceu! não tens mesmo ideias?!
- afinal a cabeleireira não lhe pode cortar o cabelo... não tem tempo!
- se calhar vou a casa da minha mãe... mas não sei. ideias?!
(uma mãe faz sempre muita falta a um pai mal acostumado)
quarta-feira, 27 de março de 2013
hoje acordei feliz com esta notícia. adoro os livros da planeta tangerina. quando li o coração de mãe pela primeira vez ao meu filho mais velho estava grávida e veio-me a lagrimazinha ao canto do olho no final.
estes tipos são demais! como diz o pedro.
Planeta Tangerina eleita a melhor editora europeia de livros para a infância
estes tipos são demais! como diz o pedro.
Planeta Tangerina eleita a melhor editora europeia de livros para a infância
terça-feira, 26 de março de 2013
entre marido e mulher, não metas a colher, lá diz o ditado. o resultado da sabedoria popular tem sido devastador para as mulheres.
uma fotojornalista freelancer, Sara Naomi Lewkowicz, foi, por mero acaso, testemunha de uma cena de violência doméstica. não meteu a colher e continuou a fotografar. e documentou aquilo que tão raramente se vê.
uma fotojornalista freelancer, Sara Naomi Lewkowicz, foi, por mero acaso, testemunha de uma cena de violência doméstica. não meteu a colher e continuou a fotografar. e documentou aquilo que tão raramente se vê.
Sara Naomi Lewkowicz | 2012
segunda-feira, 25 de março de 2013
sempre achei que paris é a cidade do amor. do amor. não da misantropia e do preconceito.
connard!
Milhares cercam Arco do Triunfo de Paris contra casamento gay
connard!
Milhares cercam Arco do Triunfo de Paris contra casamento gay
segunda-feira, 18 de março de 2013
manhã infernal.
“mãe, não consigo despir a camisola do pijama”. respondo “já vai, pedro, por favor…” enquanto tento vestir o joão em movimento (dou graças a deus pelas fraldas-cueca todas as manhãs). não podia ter começado pior: a água fria do chuveiro que nunca passou a quente. “tenho a certeza que paguei esta merda, pá!”.
enfio as calças ao joão e vejo o pedro a tentar vestir a manga da camisola pela cabeça “não consigo. ajudas-me?”. expludo. torno-me a pior mãe do mundo e descarrego todo o meu fel de medeia. pego no mais pequeno ao colo, grito uma ameaça ao mais velho “ou te vestes ou ficas sozinho em casa, não espero por ti!” e chego à sala. o cão está escondido, em pânico, atrás da mesa. tem o cone da vergonha na cabeça e permanece imóvel. adivinho a tragédia, sento o joão na cadeirinha e deparo-me com um lago de xixi, que vai do sofá ao armário da televisão. urro. insulto. ameaço. meto o cão na parte de fora da casa e desabo quando me apercebo da extensão do mijo. subo a escadas a correr, a chorar, farta, cansada, e entro no quarto do pedro, que ainda não se calçou. fel de medeia outra vez. atiro-lhe umas botas ao chão e deixo-o com lágrimas nos olhos. “nunca me ajudas” acuso. “não gostas de mim, não podes gostar. pedi-te ajuda, pedi-te que me ajudasses e tu nunca, mas nunca me ajudas”, desabafo em lágrimas.
desço. pego no balde e limpo o xixi do cão. aqueço os leites no microndas, acedo o bico do fogão, que não tem mesmo gás, ligo a televisão e percebo que estou mais atrasada que o habitual. continuo aos berros, com o mundo, com o cão e vejo o joão a fazer gracinhas, a dar risadas, não vá a minha ira ser contra ele. o jake e os piratas da terra do nunca recolhem os seus dobrões de ouro enquanto limpo a asneira canina. dou a papa ao joão (até faz nham-nham), o pedro desce. “vais beber o leite na cozinha” ordeno-lhe, em modo de medeia. ele chora. “não chores! tu não me chores!!” grita a medeia. acalmo-me. ponho-lhe as mãos nos ombros e tento falar com ele, explicar-lhe o de sempre. “olha para mim, olha para os meus olhos quando falo contigo”. ao minuto dois da conversa, ele desvia o olhar. “o que é que te disse!? o que te pedi quando começamos a falar!? o quê?!” a medeia dá-lhe três palmadas da cara, a terceira já com alguma força e aperta-lhe o nariz. está ao rubro da sua fúria, pronta para o abanar, em plena desorganização mental. “não gostas de mim”, diz, por fim, exausta. “gosto sim!” ouço-o dizer, aos soluços. o drama instalou-se. o drama exaure. “eu sei. eu também te adoro. desculpa a mãe. desculpas?”.
saímos os três de casa. o pedro leva a mochila do joão, ajuda-me finalmente. entramos no carro, guio até à escola e levo-o ao portão numa corrida. faço-lhe uma festa na cabeça e corro escadas abaixo. entrego o João à educadora e sinto-me um lixo.
vou passar o dia inteiro a sentir-me assim, uma merda, de coração fisiologicamente apertado, leve dor de cabeça, olhos cansados, a sentir-me feia, pequena. a medeia leva-me as forças, suga-me o sangue mas faz-se sentir poderosa naqueles momentos tão vis e tão comuns.
a meio da manhã lembro-me “foda-se, desliguei a merda do bico do fogão ou não?!”
quinta-feira, 14 de março de 2013
terça-feira, 12 de março de 2013
Jim Goldberg
DEMOCRATIC REPUBLIC OF CONGO. 2008.
Tumusifou is her name. Kivu province.
por estes dias, tenho andado pelo congo belga, seguindo o roger casement pelas palavras do vargas llosa.
então para que é que viemos? Já sei: para trazer a civilização, o cristianismo e o comércio livre. Ainda acredita nisso, senhor Casement? (capitão Junieux)
sexta-feira, 8 de março de 2013
quinta-feira, 7 de março de 2013
o telemóvel toca. não reconheço o número e atendo.
- estou sim? é a mãe do joão?
(reconheço a voz e levo as mãos à cabeça)
- rita! - ouço-me a dizer.
a medo desafio;
-então diga lá o que se passa...
e depois respondo eu própria, como um foguete, cabeça enterrada nas mãos:
- não me diga que ele está doente?! é a terceira semana seguida com um filho doente!
- estou sim? é a mãe do joão?
(reconheço a voz e levo as mãos à cabeça)
- rita! - ouço-me a dizer.
a medo desafio;
-então diga lá o que se passa...
e depois respondo eu própria, como um foguete, cabeça enterrada nas mãos:
- não me diga que ele está doente?! é a terceira semana seguida com um filho doente!
segunda-feira, 4 de março de 2013
sábado, 2 de março de 2013
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
Paul Hansen | 2012
Suhaib Hijazi tinha apenas dois anos quando a sua casa foi destruída por mísseis israelitas. Muhammad, o irmão mais velho (três anos) e o pai, Fouad, também morreram. A mãe sobreviveu, mas foi internada nos cuidados intensivos. 20 de Novembro, mais um dia de bombardeio israelita sobre Gaza.
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013
ouço a tsf, o programa de antena aberta com a participação do público. as facturas e as multas para quem não pede ou entrega é o tema que se debate hoje. ao longo da hora e meia de programa, já ouvi por várias vezes os participantes a qualificar os nossos governantes como "rapazolas", "rapazes", "imaturos". estas pessoas acham que a idade é igual a sabedoria.
hummmm... aquele ministro do sócrates, o do "jamais", tinha um aspecto vetusto, certo? e era um cretino. o outro, que fez corninhos no parlamento, também tinha um ar maduro, certo? e era um parvalhão. e o mentor do psd, o careca que fazia contas a ordenados de miséria também não passa de um debilóide.
idade iguala sabedoria? não me parece.
hummmm... aquele ministro do sócrates, o do "jamais", tinha um aspecto vetusto, certo? e era um cretino. o outro, que fez corninhos no parlamento, também tinha um ar maduro, certo? e era um parvalhão. e o mentor do psd, o careca que fazia contas a ordenados de miséria também não passa de um debilóide.
idade iguala sabedoria? não me parece.
terça-feira, 12 de fevereiro de 2013
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013
quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
há dois anos atrás, o tempo de espera deu para terminar de
ler o livro “paris é uma festa!” na sala dos ctgs. tinham-me assegurado uma
cesariana antes do pequeno almoço, tentaram convencer-me por optar por parto
natural durante o almoço e vi-me no bloco operatório à hora do lanche. nasceu
com 41 semanas e chorou todas as noites na maternidade.
ser mãe é a melhor coisa do mundo (mas também a mais
extenuante!). se ganhasse o euromilhões, a primeira coisa que fazia era
engravidar.
quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
mas que palhaçada é esta? dançar pelo fim da violência? mas está tudo louco? lírico?! a ana gomes que vá à merda porque nunca deve ter recebido um tabefe bem dado naquela tromba dela. mas se quiser saber, não tem problema: deixo crescer o buço e as patilhas e dou-lhe uma boa sova, para que ela (quiçá as amigas do parlamento) saber o que é.
Ana Gomes dança pelo fim da violência contra mulheres
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
escuto rádio durante a manhã para apanhar os programas de
auditório, sem dúvida os meus favoritos, e por isso vou apanhando as outras
rubricas diárias da tsf: o carloz vaz marques a falar sobre todos os livros da sua
vida (diz que lê tudo, mas duvido), o bruno nogueira a
gozar com a índia malhoa, os apontamentos sobre os cidadãos que conseguiram (ou
esperam conseguir) ultrapassar o desemprego com os cursos e oportunidades do
iefp, os boletins da bolsa e os noticiários às horas certas e meias horas.
também escuto as notas de autor, programa diário com “a sociedade
portuguesa de autores, onde convidam um autor. Criadores da escrita, da música,
do teatro, cinema ou pintura falam do seu próprio trabalho e fazem sugestões
diárias do que há para ler, ver e ouvir... e a não perder.”
esta semana a escolhida é leonor xavier, a tal que era casada
com o raul solnado mas que morava no porto e enquanto ele vivia em lisboa. imagino
que com a mística alexandra por perto, a belfa da leonor preferisse ir lá para
o norte, onde o seu defeito de fala poderia ser confundido com um sotaque
qualquer de mouros. A primeira crónica foi logo um disparate pegado: uma ciciosa
voz que lia, ao longo de 60 penosos segundos, o seu curricula. “eu sou isto,
faço aquilo, sou autora, escritora, jornalista, ganhei um prémio daquelas
revistas de mulheres iludidas com a vida e cheia de anúncios a cosméticos caros
e perfumes enjoativos.” em suma, uma belfa que se tem muita em conta (o que é
bom para ela). terça e quarta (graças a
deus!) não a apanhei e esqueci-me daquele minuto agonizante.
mas eis que hoje, a meio da manhã, me entra pelos ouvidos
dentro, esperta e decidida, a arrogar-se o direito de me sugerir a mim, simples
ouvinte, a sugestão de ir ver o filme “lincol” (ei, onde está o n no fim,
perguntei-me eu!?), sobre os últimos meses de vida do presidente
norte-americano que aboliu a escravidão. repito: a escravidão. sei: o
significado é o mesmo, mas caramba, eu agarro-me aos preciosismos!
que o lincoln aboliu a escravatura nos estados unidos, isso
eu sei.
mas desculpem lá: não me lembro de nenhum lincol que acabou
com a escravidão na américa. talvez vá ver mesmo o filme do spielberg: é que fiquei
curiosa.
segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
terça-feira, 15 de janeiro de 2013
estou a ouvir a mega fm. estão a dar a mais recente música da rihana.
detesto-a, à rihana.
levou na tromba do desprezível namorado, denunciou-o, deixou que a cara esmurrada fosse publicada na internet, assumiu-se como vítima de violência, atacada pelo pinga-amor. transformou-se num modelo para as suas fãs, e fez valer aquilo que todas prezamos: que nunca nenhuma mulher deve permitir que homem algum lhe toque, lhe bata, que a agrida, esmurre, ataque, espanque. tornou-se um emblema, um exemplo, quase uma santa, de cabelo curto, olhos de gato.
mas como tantas mulheres, voltou atrás. está com o namorado outra vez, fotografa-se com verme, publica as imagens nas redes sociais, canta duetos com o bicho e perdoou-lhe os tabefes. a puta. a cabra. a estúpida.
agora sim, é que merece levar uns valentes estalos. e eu sou a primeira da fila, de mão em riste.
detesto-a, à rihana.
levou na tromba do desprezível namorado, denunciou-o, deixou que a cara esmurrada fosse publicada na internet, assumiu-se como vítima de violência, atacada pelo pinga-amor. transformou-se num modelo para as suas fãs, e fez valer aquilo que todas prezamos: que nunca nenhuma mulher deve permitir que homem algum lhe toque, lhe bata, que a agrida, esmurre, ataque, espanque. tornou-se um emblema, um exemplo, quase uma santa, de cabelo curto, olhos de gato.
mas como tantas mulheres, voltou atrás. está com o namorado outra vez, fotografa-se com verme, publica as imagens nas redes sociais, canta duetos com o bicho e perdoou-lhe os tabefes. a puta. a cabra. a estúpida.
agora sim, é que merece levar uns valentes estalos. e eu sou a primeira da fila, de mão em riste.
segunda-feira, 14 de janeiro de 2013
sexta-feira, 11 de janeiro de 2013
eis um país cheio de energúmenos mas de gente civilizada, gente que sabe e pratica democracia:
Waiting on a freezing platform at 6am and not even getting a seat: Transport Minister FINALLY realises what it's like to take the train to work
este ministro foi acusado de gastar 80 mil libras ano num motorista. eis o resultado.
Waiting on a freezing platform at 6am and not even getting a seat: Transport Minister FINALLY realises what it's like to take the train to work
este ministro foi acusado de gastar 80 mil libras ano num motorista. eis o resultado.
quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
a respeito do fim do mundo que se avizinha, um sociólogo de viseu acabou de dizer no forum tsf que os pais das crianças de hoje conseguem dar-lhes menos que os pais da geração antes do 25 de abril, que tinham mais de 10 filhos. não disse isto textualmente mas mais ou menos.
vou repetir: é um tipo que se identifica como sociólogo, não é um analfabeto funcional com o 9º ano. é um gajo com um curso superior e capacidade de interpretação. ou seja, ele acha que neste país se vivia melhor no tempo do salazarismo. que as famílias eram mais ricas, tinhas mais posses. que as crianças andavam mais bem nutridas e tinham acesso a saúde e educação.
caraças, onde terá este tipo tirado o seu curso?
vou repetir: é um tipo que se identifica como sociólogo, não é um analfabeto funcional com o 9º ano. é um gajo com um curso superior e capacidade de interpretação. ou seja, ele acha que neste país se vivia melhor no tempo do salazarismo. que as famílias eram mais ricas, tinhas mais posses. que as crianças andavam mais bem nutridas e tinham acesso a saúde e educação.
caraças, onde terá este tipo tirado o seu curso?
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
eis uma notícia de merda. verdadeiramente de merda!
Elefante come telemóvel e… expele-o nas fezes (COM VÍDEO)
e com vídeo, caralho!
Elefante come telemóvel e… expele-o nas fezes (COM VÍDEO)
e com vídeo, caralho!
segunda-feira, 7 de janeiro de 2013
"papá! papá! papá!" tenho o meu filho mais novo ao colo e ele berra a palavra papá como se não houvesse mais nada no seu limitado léxico. para ele, tudo é papá. achei piada ao início, ria-me e tal, dizia "é tão engraçado!" e imitava-o "papááááá!". até porque, antes do papá, tudo era mamã. mas agora, tudo é papá. o papá, a mamã, a vovó. papá.
tenho o meu filho mais novo ao colo, beijo-lhe a testa, cheiro-lhe a orelha e digo "mamã. eu sou a mamã. ma-mããã!". ele olha para mim, ri, faz um ar de triunfo absoluto, levanta os bracinhos e esgoela-se num "méééééééé!".
(caraças do puto!)
tenho o meu filho mais novo ao colo, beijo-lhe a testa, cheiro-lhe a orelha e digo "mamã. eu sou a mamã. ma-mããã!". ele olha para mim, ri, faz um ar de triunfo absoluto, levanta os bracinhos e esgoela-se num "méééééééé!".
(caraças do puto!)
sexta-feira, 4 de janeiro de 2013
o dinheiro faz com as pessoas digam cada parvoíce!
Depardieu diz admirar democracia russa e Vladimir Putin
Depardieu diz admirar democracia russa e Vladimir Putin
quinta-feira, 3 de janeiro de 2013
às 09.30 de segunda-feira lá estarei no dentista.
detesto o dentista.
ficar meio sentada, meia deitada naquela cadeira côncava de boca escancarada, holofote nos olhos, babete ao pescoço e tubo enfiado de um dos lados da boca. o não poder engolir de boca fechada, que faz tanta aflição e dá a sensação que me vou engasgar e que me faz querer endireitar-me na cadeira, dar um safanão ao holofote, arrancar o babete, cuspir o tubo e fugir dali para fora.
(mas não sem antes dar uma cuspidela naquele ralo contínuo que me faz lembrar aquela piada do puto no dentista que escarrou e voltou a inspirar para dar mais força ao escarro. perante aquele ralo ciclónico, cuspo sempre tudo até ao limite, não vá o diabo tecê-las).
detesto o dentista.
ficar meio sentada, meia deitada naquela cadeira côncava de boca escancarada, holofote nos olhos, babete ao pescoço e tubo enfiado de um dos lados da boca. o não poder engolir de boca fechada, que faz tanta aflição e dá a sensação que me vou engasgar e que me faz querer endireitar-me na cadeira, dar um safanão ao holofote, arrancar o babete, cuspir o tubo e fugir dali para fora.
(mas não sem antes dar uma cuspidela naquele ralo contínuo que me faz lembrar aquela piada do puto no dentista que escarrou e voltou a inspirar para dar mais força ao escarro. perante aquele ralo ciclónico, cuspo sempre tudo até ao limite, não vá o diabo tecê-las).
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