escuto rádio durante a manhã para apanhar os programas de
auditório, sem dúvida os meus favoritos, e por isso vou apanhando as outras
rubricas diárias da tsf: o carloz vaz marques a falar sobre todos os livros da sua
vida (diz que lê tudo, mas duvido), o bruno nogueira a
gozar com a índia malhoa, os apontamentos sobre os cidadãos que conseguiram (ou
esperam conseguir) ultrapassar o desemprego com os cursos e oportunidades do
iefp, os boletins da bolsa e os noticiários às horas certas e meias horas.
também escuto as notas de autor, programa diário com “a sociedade
portuguesa de autores, onde convidam um autor. Criadores da escrita, da música,
do teatro, cinema ou pintura falam do seu próprio trabalho e fazem sugestões
diárias do que há para ler, ver e ouvir... e a não perder.”
esta semana a escolhida é leonor xavier, a tal que era casada
com o raul solnado mas que morava no porto e enquanto ele vivia em lisboa. imagino
que com a mística alexandra por perto, a belfa da leonor preferisse ir lá para
o norte, onde o seu defeito de fala poderia ser confundido com um sotaque
qualquer de mouros. A primeira crónica foi logo um disparate pegado: uma ciciosa
voz que lia, ao longo de 60 penosos segundos, o seu curricula. “eu sou isto,
faço aquilo, sou autora, escritora, jornalista, ganhei um prémio daquelas
revistas de mulheres iludidas com a vida e cheia de anúncios a cosméticos caros
e perfumes enjoativos.” em suma, uma belfa que se tem muita em conta (o que é
bom para ela). terça e quarta (graças a
deus!) não a apanhei e esqueci-me daquele minuto agonizante.
mas eis que hoje, a meio da manhã, me entra pelos ouvidos
dentro, esperta e decidida, a arrogar-se o direito de me sugerir a mim, simples
ouvinte, a sugestão de ir ver o filme “lincol” (ei, onde está o n no fim,
perguntei-me eu!?), sobre os últimos meses de vida do presidente
norte-americano que aboliu a escravidão. repito: a escravidão. sei: o
significado é o mesmo, mas caramba, eu agarro-me aos preciosismos!
que o lincoln aboliu a escravatura nos estados unidos, isso
eu sei.
mas desculpem lá: não me lembro de nenhum lincol que acabou
com a escravidão na américa. talvez vá ver mesmo o filme do spielberg: é que fiquei
curiosa.
Sem comentários:
Enviar um comentário