segunda-feira, 1 de outubro de 2012

no metro, uma mão pousava nos bolsos de uma calça de ganga desbotada, justinha, descaída, daquelas que os rapazes gostam de usar. segui a mão, uma mão feminina, uma mão de namorada e demorei os olhos no cabelo do rapaz. um rabo de cavalo atravessado por um boné coçado com  uns canudos castanhos, compridos, longos, perfeitos, uns canudos trabalhados, que fariam inveja à shirley temple. uns canudos femininos na cabeça do rapaz, uns canudos nascidos de um cabelo aparente cortado, como se de um hare krisna pop se tratasse.

curiosa, investiguei o cabelo da namorada, dona da mão que me chamou atenção, que por vezes lançava uma festa tímida, quase desadequada, por cima das calças de ganga do rapaz. era um cabelo masculino, ralo, fraco, oleoso, adornado por dois ganchos finos, com um ar sujo.

os opostos atraem-se. de outra modo, como poderia aquele rapaz namorar aquela rapariga?

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